domingo, 10 de maio de 2009

Violência nos estádios paulistanos!

Crédito: Adriano Degra
Não faz muito tempo que começou os debates sobre violência nos estádios de futebol, em 1992, numa partida válida pela semifinal da Taça São Paulo de futebol Júnior entre São Paulo e Corinthians, um torcedor corintiano foi atingido por uma bomba de fabricação caseira.

A partir daí começaram a serem mais freqüentes os atos de violência dentro dos estádios, inúmeros fatos podem ser observados nessa época, com isso a mídia foi dando maior notoriedade ao assunto, sendo assim, algumas medidas começaram a serem tomadas, algumas delas foram o surgimento de promotores dando prioridade a esse assunto, como o famoso promotor e deputado estadual: Fernando Capez.

Estudos começaram a ser realizados a respeito das torcidas organizadas, e segundo o Site:
http://www.partes.com.br/, foi constatado que 15% dos integrantes de torcidas organizadas tinham antecedentes criminais. Com tudo isso a imagem das torcidas organizadas ficaram cada vez pior, muitos acusando a mesma como principal responsável por toda a “onda” de violência nos estádios de futebol.

Acompanhe a entrevista com André Azevedo ( foto), presidente da torcida organizada são paulina, Dragões da Real:

Adriano: Na sua opinião tem como resolver a questão da violência nos estádios?

André: Tem como diminuir, a questão está na sociedade, a torcida é uma parcela da sociedade.

Adriano: Existe um único culpado para a violência nos estádios na capital?

André: Não existe um único culpado. A torcida sofre muita discriminação, muitas vezes não temos direito de resposta, nos últimos anos, aumentaram o valor dos ingressos e não deram nenhum retorno aos torcedores, como banheiros adequados, local para refeição etc.

Adriano: Vocês fazem algum trabalho no sentido de prevenção de brigas? Como palestras, por exemplo?

André: A vida em São Paulo é muito corrida como todos nós sabemos, não gostamos de propor data específica, pois não sabemos se a pessoa poderá comparecer, portanto, conversamos com cada um no momento que é realizado a inscrição, expondo as normas da torcida.

Adriano: Qual a Opinião da Dragões sobre a carteirinha do torcedor, que o Governo Federal está implantando?

André: É uma porcaria. Torcedor não deve ter separação no estádio, eu também sou torcedor comum, não é porque eu visto uma camisa padronizada que me excluí de ser um torcedor comum. E isso não irá resolver em nada a situação nos estádios.

Adriano: A relação entre as torcidas organizadas em São Paulo é a que todos imaginam? Ou existe alguma política de boa vizinhança por exemplo?

André: Por incrível que pareça, temos um contato muito tranquilo, conversamos com todos os líderes de torcidas, o que peca as vezes é que surgem idéias legais, mas por uma questão de vaidade talvez, muitos projetos interessantes não tomam sequência, porque um teve a idéia e o outro não quer admitir.

Adriano: Qual a relação da Dragões com a Polícia de São Paulo?

André: Na teoria é muito bom, conhecemos quase todos os comandantes da PM, mas os comandados não fazem como o esperado, muitas vezes, relatamos que foi combinado de uma forma com o comandante e os próprios policiais, dizem que não vale de nada, porque os comandantes não estão ali presente.

Adriano: A dragões recebe alguma ajuda financeira do São Paulo Futebol Clube?

André: Nenhuma. Vivemos de venda de material e mensalidades, somos auto-suficientes.

Adriano: Existe alguma punição para os sócios da Dragões que são flagrados em brigas nos estádios?

André: Temos a opinião que todos merecem uma segunda chance, a gravidade da situação deve ser analisada, trabalhamos com advertência, se o sócio levar três advertências está fora da torcida. É como disse agora pouco, vai depender da gravidade, reunimos os diretores e tomamos as medidas necessárias.

Outro aspecto que deve ser abordado, é a questão dos moradores e comerciantes que trabalham ao redor dos estádios de futebol, pensando nisso fiz algumas perguntas a uma comerciante que tem um comércio na av. João Jorge Saad, uma das principais vias de acesso ao estádio do Morumbi, acompanhe:

Adriano: A quanto tempo você tem esse comércio na Saad?

Adriene: 5 meses

Adriano: Seu estabelecimento já sofreu algum ato de vandalismo, cometido por torcedores? Caso já tenha ocorrido, tem estimativa do valor do prejuízo?

Adriene: Não houve esse tipo de problema.

Adriano: Em dia de clássico, você monta algum “esquema” especial para seu comércio? Horários? Baixa as portas?

Adriene: A segurança do condomínio é reforçada e, dependendo do dia, encerramos as atividades antes do horário final do jogo.

Adriano: Tem alguma associação de comerciantes aí no bairro? Vocês conversam a respeito desse assunto?

Adriene: Deve até haver a associação, porém não tive contato com a mesma.

Adriano: Já ouviu relatos de algum comerciante que deixou o bairro por conta dos jogos?

Adriene: Não.

Adriano: Na sua opinião tem algo que poderia ser feito de diferente para ter uma tranqüilidade maior para os comerciantes da região?

Adriene: Quem inicia um comércio na região, já tem conhecimento da existência do estádio de futebol, e dos transtornos que isso implica, não há muita alternativa para garantir maior tranquilidade à região, pois onde há aglomeração de grande número de pessoas a probabilidade de ocorrências é bem maior.

A violência nos estádios de futebol na Cidade de São Paulo é um fato, faz parte da nossa sociedade e devemos dar a devida importância a esse assunto, não fingir que nada esta acontecendo, temos que debater sim esse tema. Como costumo dizer: O conformismo é o caminho para a alienação.